Foi iniciado na noite de ontem (18/10) o maior evento extensionista da Universidade do Estado de Minas Gerais, a Semana UEMG. Com a abertura transmitida pela internet, onde já havia alcançado mais de seis mil visualizações nesta terça-feira, o evento combinou no ato inaugural de sua edição 2021 apresentações artísticas e convidados especiais.
Na primeira mesa, composta pela gestão da UEMG, a Reitora da Universidade, Prof.ª Lavínia Rosa Rodrigues, abordou a atualidade do pensamento freireano. “Rendemos homenagens ao educador Paulo Freire, que ensinou o mundo a ler a si mesmo, que nos legou que a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Convoca-nos a encarar e aceitar aquilo que verdadeiramente podemos ser em nossa plenitude”, avaliou a reitora, pontuando que Freire representa um marco não só para as ciências da educação, mas para a compreensão política do tempo em que vivemos.
Já o Pró-Reitor de Extensão da Universidade, Prof. Moacyr Laterza Filho, comentou o caráter significativo da temática desta edição da Semana UEMG para a instituição. “Não poderia deixar de ressaltar as similaridades entre a missão constitucional da UEMG, com nossa grande variedade de ações de extensão e inclusão, e a proposta acolhedora e integradora de Paulo Freire para a educação”, destacou.
Após uma série de vídeo-performances de grupos artísticos da Escola de Música da UEMG, que suscitaram dezenas de elogios no chat da transmissão, a segunda mesa da abertura promoveu a palestra “Pedagogia da Resistência: escritos a partir da vida e obra de Paulo Freire”, e o lançamento do livro de mesmo nome. Participaram desse momento o organizador da publicação, o professor da Faculdade de Educação (FaE-UEMG) Daniel Ribeiro de Almeida Chacon, e um dos co-autores do livro, e convidado especial da noite, Prof. Carlos Rodrigues Brandão, consultor do Instituto Paulo Freire e renomado pesquisador que transita por áreas como a psicologia e a antropologia.
Em uma de suas falas marcantes durante a sessão, o Prof. Daniel Chacon defendeu a celebração do centenário de Paulo Freire: “Retomá-lo não é propor uma educação dogmática ou doutrinadora. É falar de uma educação caminhante, que exige pensar os grandes desafios de sua época. Então, quando nós retomamos Paulo Freire em nossa Universidade, estamos publicizando um trabalho que já realizamos há décadas. Não de uma instituição que se constitui como torre de marfim, mas uma universidade marcada pelo diálogo com o povo, pelo contato com a cultura, com a sociedade e com o povo mineiro, sobretudo”.
Doutor honoris causa pela Universidade Federal de Goiás e pela Universidad Nacional de Lujan (Argentina), além de professor emérito da Universidade Federal de Uberlândia e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde ainda hoje atua como professor colaborador, Carlos Brandão brindou o público com comentários e reflexões sobre a pedagogia freiriana: “Se a pedagogia da competência reduz o conhecimento à informação, a pedagogia da transformação procura transformar o conhecimento em consciência. Com o conhecimento, eu não apenas conheço para fazer algo, para me capacitar como 'profissional em', mas me torno 'consciente de', e nisso eu me transformo. Assim, sendo eu mesmo, sou sempre alguém mais além de si mesmo. Paulo Freire tocava nessa tecla desde o começo”.
A palestra completa – que como todo o evento contou com tradução para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) pelos intérpretes Sérgio Ramos e Riniemy Elizabeth dos Santos – pode ser conferida no canal oficial da TV UEMG no Youtube.
Já a programação da Semana UEMG, com mesas-redondas, oficinas, apresentações artísticas, dentre outras atividades, continua até esta sexta-feira (22). Consulte a relação completa na página da programação.
Aberto ao público em geral, a Semana UEMG busca divulgar a diversidade multicampi da Universidade, e cumprir o papel da instituição na promoção de conhecimento junto à sociedade.
