A professora Catarina Dallapicula, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), foi escolhida para receber o Prêmio Anyky Lima de Direitos Humanos e Cidadania LGBTQIA+ 2025, concedido pelo CELLOS-MG (Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual e Identidade de Gênero de Minas Gerais). A cerimônia de homenagem foi realizada na última sexta-feira (18/7), no Afro Galpão em Belo Horizonte, como parte da programação oficial da 26ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de BH.
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A comenda reconhece trajetórias marcadas pela resistência, compromisso e atuação efetiva na promoção de políticas públicas inclusivas e no fortalecimento da cidadania LGBTQIA+. A CELLOS destacou ainda que a homenagem tem o objetivo de “reconhecer as lutas coletivas que nos trouxeram até aqui” e valorizar a memória, a presença e a sabedoria fundamentais para as próximas gerações.
Docente da Faculdade de Políticas Públicas e Gestão de Negócios, Dallapicula coordena o Observatório de Acesso e Permanência de Travestis e Transexuais em Instituições de Ensino Superior (ObservaTrIES). Ela tem se destacado no cenário acadêmico pelas ações voltadas à inclusão e à permanência de estudantes LGBTQIA+ na universidade pública. Sua atuação está vinculada a projetos de pesquisa, extensão e formação que integram os desafios contemporâneos de equidade, representatividade e direitos humanos no ensino superior.
A edição de 2025 do prêmio teve como tema "Envelhecer bem: Direito LGBT às políticas do bem viver, ao prazer e à cidade", abordando o envelhecimento com dignidade e inclusão como pauta prioritária. Ao celebrar a trajetória da professora Dallapicula, o CELLOS reforça também o papel da universidade pública como espaço estratégico na luta pelos direitos da população LGBTQIA+, ampliando a visibilidade das vivências, memórias e contribuições de seus sujeitos.
Presença e permanência: desafios e avanços na universidade pública
A professora Catarina Dallapicula observa que a presença de pessoas travestis, transexuais, não-binárias, lésbicas, bissexuais e gays na UEMG tem aumentado, tanto entre estudantes quanto entre docentes. "Essas presenças e marcações políticas são importantes, pois ampliam as possibilidades de reconhecimento e permanência de sujeitos que chegam à instituição", pontua.
No entanto, ela ressalta a necessidade de melhorias contínuas, como a reserva de vagas na graduação e pós-graduação para a população travesti, transexual e transgênero. Além disso, destaca a importância de ampliar bolsas e auxílios, criar reservas de vagas em estágios e viabilizar formação continuada para servidores, garantindo que toda a comunidade esteja capacitada para atuar de forma inclusiva e fiel aos direitos humanos.
Em outra ocasião recente, a atuação da professora Catarina Dallapicula também foi reconhecida publicamente pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, onde ela recebeu um certificado de reconhecimento por sua trajetória na defesa dos direitos e da dignidade da população LGBTQIAP+. A homenagem, conduzida pelos vereadores Pedro Patrus e Juhlia Santos, reuniu estudantes, docentes e ex-alunos da UEMG,
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Produção de conhecimento e visibilidade: grupos de pesquisa e publicações na UEMG
A comunidade acadêmica da UEMG participa e constrói ativamente o debate acerca do tema. Atualmente há diversos grupos de pesquisa dedicados ao estudo da diversidade sexual e de gênero. Entre eles, destacam-se:
- Tessitura de Nós: Focado em pesquisa e extensão em gênero, sexualidade e educação.
- Diversidade e Inclusão: Que busca aliar os valores democráticos à prática de inclusão.
- GEPAGES (Grupo de Estudos, Pesquisas e Ações em Gênero e Sexualidade).
- Gênero e Política: Que estuda educação sexual e de gênero em sua linha de pesquisa "Gênero, diversidade sexual e os estudos sobre o cotidiano escolar". Este grupo já foi responsável por discussões que resultaram em livros, pesquisas, projetos de extensão, orientação de TCC e um minicurso sobre a temática.
Outras iniciativas na promoção da visibilidade da causa por meio de publicações da Editora UEMG, disponibilizando gratuitamente conteúdos focados na população LGBTQIAP+. Dentre as obras, destacam-se:
- O capítulo sobre Movimento LGBTQIA+ no livro “Movimentos sociais e educação: mútuas influências”, de Marcel de Almeida Freitas e Inês de Oliveira Noronha.
- A obra “Tecer e entretecer a vida – Sexualidades, Gênero e diferenças na formação docente”, organizada por Kelly da Silva, Anderson Ferrari e Marcos Lopes Souza.
- O capítulo “Existências lésbicas em anos de chumbo”, de Janice Aparecida de Souza e Alessandra Sampaio Chacham, parte da obra “Ser mulher no século XXI: desafios, direitos, conquistas e vivências”, organizada por Daniela Oliveira R. dos Passos, Ana Paula Andrade e Rayane Silva Guedes.