Nesta quinta-feira (27/3), a partir das 18h, o Espaço Cultural da Escola de Design recebe uma roda de conversa sobre o trabalho das mulheres nas artes, promovida pela exposição Cosmogonias, que integra o projeto Memorial Vale Itinerante. Com entrada gratuita, o evento recebe as artistas indígenas Liça Pataxoop e Kawany Tamoios e mediação de Luna Rosa Recaldes, pesquisadora de trabalhos de artistas indígenas contemporâneas.
Pouco antes, às 17h, será inaugurada a exposição Cosmogonias, em frente ao Memorial Minas Vale. Em celebração ao mês das mulheres, as duas artistas vão ocupar os tapumes que cercam a fachada do museu, localizado na Praça da Liberdade, que está fechado para renovação.
Dona Liça Pataxoop é professora da aldeia Muã Mimatxi, da etnia pataxoop, na região de Itapecerica. Ela vai ocupar os painéis de frente para a Praça da Liberdade, com seus desenhos-narrativa, os tehêy, que guardam a história do povo pataxoop.
“O tehêy traz essa leitura e essa escrita dos valores da vida, dos valores do sagrado, dos valores das histórias pataxoop, história de gente, história de animais, a história do sagrado, a história do yãmixoop, a história de Topá, de onde o povo pataxoop veio, povo pataxoop-gente, povo pataxoop-mineral, povo de pataxoop-vegetal e o povo animal”, conta.
Na arte de Dona Liça, está um modo de ensino que excede a palavra escrita, transmitindo os saberes ancestrais de maneira viva e intuitiva. O trabalho é uma forma de tornar visível o conhecimento e a história dos pataxoop, através da imagem.
Já Kawany Tamoyos é uma artista visual, designer e comunicadora anticolonial mineira, também de origem indígena. Ela vai ocupar os tapumes com obras que entrelaçam suas raízes ancestrais ao urbano, subvertendo estereótipos femininos e indígenas e homenageando a força das mulheres.
"Minha intenção com a minha produção artística é repensar como a gente representa os povos indígenas, especialmente as mulheres indígenas. Como a gente é colocada nas mídias, seja nas novelas, nas TVs, enfim, como essas representações seguem sendo extremamente estereotipadas e como ignoram a diversidade dos povos que a gente tem no Brasil. O meu desejo de criar esse diálogo entre tradição e contemporaneidade, de pensar o urbano com as raízes”, explica.
A artista, conhecida como Kakaw, está presente em diversas exposições e festivais internacionais de arte urbana e é coordenadora nacional da Rede Latinoamericana Todas BR. Seu trabalho busca mostrar que há muitas possibilidades para os corpos indígenas no mundo.
A roda de conversa acontece na galeria principal do Espaço Cultural da Escola de Design. O endereço é a rua Gonçalves Dias, 1.434, no bairro Lourdes.