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    Unidade Poços de Caldas | Universidade Aberta para a Maturidade é destaque no G1

    Postagem original G1
    Texto e fotos: Camila Resende - Estagiária sob supervisão de Fernanda Rodrigues

    Sentar no banco de uma universidade após os 60 anos é a realidade para duas turmas de idosos que participam de um projeto em Poços de Caldas (MG). Em aulas de história, literatura, artesanato e até capoeira, os participantes da terceira idade se reinventam. “Sou estudante de novo aos 70 anos”, conta um dos participantes, Alberto José Barbosa.

    Alberto se aposentou depois de trabalhar por 30 anos no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo (SP). Ele frequentou a escola até o ensino médio, mas não chegou a concluir porque decidiu trabalhar.

    Perto dos 40 anos, já na função de atendente de enfermagem, se formou como auxiliar de enfermagem pela Cruz Vermelha. Esta foi a última vez que frequentou um curso, até agora.

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    Depois de muito trabalho, veio a aposentadoria, mas se engana quem pensa que com ela as atividades de Alberto cessaram. Ele se exercita regularmente e tem um compromisso firmado todas as quartas-feiras, das 14h às 16h30.

    “Quando chega o dia eu não vejo a hora de vir. Voltar para a universidade foi uma coisa muito boa, muito bem aproveitada por mim”, comemora.

    “Estou gostando muito. Aqui você aprende, se diverte, faz atividades físicas. As professoras são ótimas. Nem quando eu estava estudando eu achei gente tão boa como esse pessoal. Você chega aqui e vê sorriso no rosto de todo mundo, é maravilhoso”.

    O aposentado conta que gosta de se manter bem informado, assiste a noticiários e tem a leitura em dia. Apesar disso tudo, vê sempre novidades nas aulas da Unabem.

    “Na primeira aula a gente fez uma bonequinha, eu nunca me imaginei fazendo uma boneca. Cada vez a gente aprende mais. Estamos estudando sobre a escravidão e tem coisas que eu não sabia, porque no tempo da escola vimos só de forma superficial”, destaca o estudante.

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    O começo da Unabem

    A Universidade Aberta para a Maturidade (Unabem) é um projeto de extensão do curso de Pedagogia e já existe no campus da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) em Passos (MG) desde 2006. Em Poços de Caldas, o projeto teve início em um trabalho da disciplina “Pedagogia e sua multidimensionalidade”, ministrada pela professora Adriana Gavião Bastos de Oliveira.

    Ela conta que um dos grupos do primeiro ano do curso apresentou um trabalho sobre a função do pedagogo na terceira idade e o tema envolveu toda a turma.

    O trabalho teve continuidade com grupos de estudo e um projeto que conheceu as demandas dos idosos que frequentam os Postos de Saúde da Família nos bairros que rodeiam o campus da Uemg, Maria Imaculada e Country Club.

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    Depois de uma visita ao campus de Passos para conhecer o funcionamento da Unabem, o projeto foi implementado em Poços de Caldas em caráter permanente. O projeto atende 50 idosos, divididos em duas turmas que mesclam os participantes que fizeram as inscrições no processo seletivo e aqueles que vivem em três asilos da cidade.

    Pedras preciosas

    Na grade da Unabem tem espaço para os mais diversos aprendizados. A professora e coordenadora do projeto, Adriana Gavião, conta que isso é ponto importante no que chamam de educação não formal.

    “A gente quer fazer com que eles entendam que estar com 60 anos ou mais não significa estar no término da vida. A gente propõe a organização de um projeto de vida, no qual ele vai aprender, potencializar aquilo que ou foi deixado de lado por uma falta de oportunidade de escolarização ou as condições de vida”, destaca a educadora.

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    Adriana aponta, ainda, que a educação também é aliada no combate de males que costumam atingir os idosos. “Através da educação tem a melhoria da saúde, da memória, em relação às interações sociais e diminuir esse impacto que há na terceira idade com a depressão, isolamento, solidão. A educação se mostra como uma possibilidade de viver mais e melhor”.

    Com tantos benefícios, o projeto é tido como um tesouro. Tanto, que as turmas foram nomeadas como pedras preciosas: turquesa e esmeralda.

    “Os nomes foram dados representando a idade, a preciosidade da sabedoria, das vivências, das lembranças, da memória. É uma forma de trabalhar no projeto que também traz tudo isso”, conclui a educadora.

    Compromisso prazeroso

    A dona de casa Elizelma Miranda Vieira, de 64 anos, e o marido, Carmo da Silva Vieira, foram os primeiros a se inscrever para a Unabem. Desde que as aulas começaram, as quartas-feiras são dias de um compromisso inadiável - e muito agradável, segundo ela.

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    “Eu estou adorando. Minha rotina mudou muito. Quando dá quarta-feira eu já não faço mais nada, eu sinto aquele prazer de dar aquele horário, eu vou, tomo meu banho e quando está quase na hora eu e meu marido saímos junto. É um compromisso prazeroso”.

    Perguntada sobre o que mais gosta na Unabem, ela não soube eleger uma coisa só. “Tudo aqui me chama atenção. Eu sou uma pessoa que eu não tenho muita amizade e já me ajudou nisso. Aqui eu posso expor alguma coisa que a gente não fala muito, eu estou gostando muito. O pessoal é muito atencioso, muito agradável. Tem gente que, por sermos assim de mais idade, não liga muito para nós. Mas aqui não, eles tratam a gente igual”, ressalta Elizelma.

    Continuidade

    No final deste semestre, as duas turmas participam de um momento de formatura, para celebrar tudo o que aprenderam juntos. “Vamos organizar uma exposição dos trabalhos que eles fizeram, eles estão também participando de um coral e vão apresentar músicas de certa forma já pensadas na estrutura do currículo e vão receber o certificado por terem vivenciado um momento na universidade”, explica a coordenadora Adriana.

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    O projeto não acaba por aí. Os estudantes das primeiras turmas podem continuar a frequentar a universidade, aprendendo ainda mais coisas novas. Para os que já começaram, a grade curricular tem novos tópicos e outros de aprofundamento do que já começaram a estudar.

    Adriana conta que, como o projeto é permanente, há planos para continuidade. “Serão abertas as inscrições para mais turmas. Há planos para que, no ano que vem, abra uma turma um outro dia para que alunos envolvidos com temáticas específicas possam aprofundar o conhecimento nesta área”, expõe a educadora.

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    Com tantos sorrisos distribuídos e experiências trocadas, o comentário entre os alunos é de que a presença na universidade continue assídua. Elizelma, a primeira a se cadastrar, demonstra que não será a primeira a deixar o projeto.

    “O momento que você está aqui você dá aquela risada gostosa, você erra, você vê o outro fazer e você aprende. É diferente. Eu pretendo continuar sim, eu e meu marido”.

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