Assessoria de Comunicação | Heloir C. Schwaickardt
Desde 2012, a Escola Estadual Tonico Franco incentiva grupos de iniciação científica para despertar o interesse de novos pesquisadores. Atualmente, por causa do formato do novo ensino médio, cinco períodos de aulas semanais são destinados para os estudantes que optam por participar da disciplina eletiva de iniciação científica. “É uma oportunidade para o aluno verificar que, muito mais do que terminar o ensino médio e fazer uma faculdade, através da pesquisa pode abrir horizontes que nem sonhava que pudessem ser para ele”, explica o professor Pedro Gilberto Silva de Morais, responsável pela disciplina.
Frente a este cenário e junto da necessidade de promover a UEMG nos espaços escolares, o docente do curso de Licenciatura em Química da Unidade, Renan Reis, começou no ano passado o projeto “Partilhando a Universidade”, para divulgar as potencialidades da Universidade para os secundaristas. “Fizemos a parceria com o projeto de iniciação científica da escola, que tem tudo a ver com a Universidade, e juntamos o nosso conhecimento para contribuir na orientação das pesquisas e assim o projeto ganhou uma nova dimensão”, revela o professor universitário.
Professores e estudantes se reúnem semanalmente para dar prosseguimento as pesquisas que tem temáticas diversas e desenvolvimento feito pelos estudantes. Alguns desistem da disciplina eletiva, pois tem a opção de troca, mas muitos continuam e tomam gosto pela pesquisa, como é o caso de estudantes que já tiveram trabalhos publicados e apresentações realizadas em eventos locais e mostras científicas de outros estados.
A primeira pesquisa da Samara Oliveira Evangelista, de 17 anos, foi sobre a ceiva da arvore jatobá e os estudos, por meio de análises químicas, resultaram em um trabalho publicado. “É uma planta que, tem que gente não conhece, não sabe da existência dela, mas é uma fonte medicinal. E eu me interessei por isso, para ver se as pessoas conheciam mais dessa substância que pode ser consumida para melhorar alguns problemas de saúde tais como intestinais, gastrite e pulmão”, disse a estudante.
Para a pesquisa deste ano, ela está se aprofundando em uma área voltada para a Biologia e estudando sobre o crescimento da alface hidropônica. “O trabalho do jatobá, da Química, foi muito bom para eu abrir a mente, mas com o da Biologia, estou me identificando mais”, conta Samara sobre sua possível escolha de graduação.
No segundo ano do ensino médio, o Kauê Macedo Oliveira, de 16 anos, se dedica desde o início deste ano a um estudo sobre a aplicação de uma roda d`água sob um carneiro hidráulico, para evitar o desperdício de água e também para produzir mais oxigênio e energia em um tanque de peixes. Esta pesquisa esta associada a outras como a criação e peixes em um reservatório e o cultivo de alface da apresentada anteriormente.
Para além deste trabalho, o desejo do Kauê é construir algo que gere o registro de patente, “fazer uma inovação, patentear, criar algo! E o professor Pedro me indicou este tema e eu escolhi”. Vislumbrando o próximo passo, o estudante revela estar em dúvida sobre as áreas de Biologia e Direito. “Eu tô pensando muito sobre isso, porém eu queria ver algo novo, para eu poder ampliar o que poderia fazer, o que vou escolher pro meu futuro e por isso também tenho interesse na área de mecânica”, aborda o estudante.
Por outro lado, além dos estudantes da escola, este projeto ainda contribui com a formação do Hubert André Nunes dos Santos, que está no oitavo período do curso de licenciatura em Química da UEMG, na Unidade Acadêmica de Ituiutaba. Ele estudou dos 6 aos 17 anos na Escola Estadual Tonico Franco e participou da segunda turma de iniciação científica orientada pelo professor Pedro. “Esse projeto nos incentivou a tentar entender um pouco mais do que temos no nosso dia a dia, fazer umas apresentações, montar uma feria de ciências na escola e foi onde eu tive uma paixão por pesquisar. Foi algo que mudou minha mente, mudou minha vida!”, conta o futuro licenciado em Química que pretende seguir na carreira de pesquisador e que é colaborador voluntário no projeto “Partilhando a Universidade”.
Após mais de uma década promovendo as atividades de iniciação científica, trabalhos publicados e apresentações realizadas, o ritmo segue a todo vapor com previsão de apresentações na MOSTRATEC – Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia que será realizada no Rio Grande do Sul e em outro evento no Peru. De acordo com Pedro Morais, “nós temos alunos em várias Universidades que chegam pra gente e falam: graças ao projeto de iniciação científica, eu tenho um bolsa, eu consegui uma residência. Então, são mais de 11 anos trabalhando com isso e vendo esses meninos crescerem. E eu falo que o aluno de IC, ele nunca mais é o mesmo!”, analisa o professor do colegial.