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    Vozes Visíveis: roda de conversa dá espaço à escuta e reflexão sobre a vivência de pessoas trans

    Na última quarta-feira, 26 de junho, o Diretório Acadêmico da UEMG – Unidade João Monlevade promoveu uma roda de conversa com o tema “Vozes Visíveis: A Realidade das Pessoas Trans”, reunindo estudantes, professores e convidados para um diálogo aberto e necessário sobre diversidade, identidade de gênero e direitos, na sede do Baú.

    O evento integrou as ações do Mês do Orgulho LGBTQIA+ e foi mediado pelo professor Breno Eustáquio da Silva, doutor em Educação para a Diversidade. A proposta foi criar um espaço de escuta e empatia, em que mais do que entender conceitos, os participantes puderam ouvir relatos reais, compartilhar vivências e refletir sobre os desafios enfrentados por pessoas trans no Brasil.

    A roda de conversa contou com três convidados: a estudante de Psicologia May Moura, o jovem barbeiro da cidade, Lucca Ciriano e o advogado Breno Gabriel. Cada um trouxe sua perspectiva pessoal e profissional sobre o processo de transição, os obstáculos sociais e burocráticos, e as lutas por reconhecimento e respeito.

    May Moura falou sobre sua trajetória de afirmação de identidade, destacando os desafios enfrentados no processo de retificação do nome e gênero nos documentos oficiais, incluindo os custos e entraves burocráticos que ainda dificultam esse direito básico.

    Lucca Ciriano compartilhou sua vivência em transição há seis anos. Ele relatou as descobertas, os momentos de aceitação e também apontou problemas cotidianos, como a dificuldade no uso de banheiros públicos, uma realidade que impacta diretamente a dignidade e segurança de pessoas trans.

    O advogado Breno Gabriel apresentou aspectos jurídicos da temática, incluindo decisões importantes do Supremo Tribunal Federal (STF), como a de 2011, que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar — um marco para os direitos LGBTQIA+. Ele também comparou o cenário brasileiro com países como a Alemanha, que já havia reconhecido tais direitos desde a década de 1980, evidenciando o quanto o Brasil ainda precisa avançar na garantia plena desses direitos.

    Durante o evento, estudantes participaram ativamente, com perguntas e reflexões que enriqueceram o debate. O professor Breno Eustáquio, além de mediar o encontro, contribuiu com dados e reflexões importantes ao longo da roda. Ao ser questionado sobre o impacto das falas dos convidados na universidade, ele destacou que “os depoimentos escancararam realidades muitas vezes invisibilizadas e nos desafiam a repensar o papel da universidade como espaço de acolhimento e transformação social”. Para ele, o compromisso com a inclusão de pessoas trans deve ir além do mês de junho e se concretizar em políticas permanentes, como ações de apoio psicossocial, formação de servidores e revisão de protocolos institucionais.

    A roda de conversa “Vozes Visíveis” reafirma o papel da universidade como espaço de construção de conhecimento, diálogo e acolhimento. Falar sobre diversidade é reconhecer existências, fortalecer direitos e promover respeito.

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