Em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, a UEMG – Unidade João Monlevade relembra uma importante atividade de extensão realizada em 2022, no âmbito do Programa Encontro de Saberes. A ação promoveu um momento de escuta, partilha e reflexão sobre os saberes indígenas, com a presença de Wakrewa Krenak, representante do povo Krenak.
Na ocasião, Wakrewa conduziu uma palestra voltada à comunidade acadêmica sobre o Watu — como é chamado o rio Doce pelo seu povo — e compartilhou as dores causadas pelo rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em Mariana (MG) em 2015. O desastre, além de ambiental, também foi descrito como uma violação à espiritualidade e à ancestralidade dos Krenak. “O Watu faz parte de nós. Quando ele foi destruído, parte de nós também foi”, destacou Wakrewa.
A atividade foi promovida por um projeto de extensão coordenado à época pelo professor Rafael, dentro do Programa Encontro de Saberes. Em sua fala, ele ressaltou a importância da presença indígena na universidade e o papel transformador dessas vivências no ambiente acadêmico. “Tenho acompanhado desde o início dos anos 2000 a entrada de indígenas na universidade e o tanto que isto tem transformado a universidade. Ao invés dela ser ‘uni’, ela deve ser diversidade. Os povos indígenas possuem um vasto conhecimento e foram apagados na história da universidade”, afirmou.
Segundo Rafael, ações como o Encontro de Saberes têm como missão trazer os povos indígenas e outros grupos historicamente marginalizados para dentro da universidade, fortalecendo um espaço de troca e transformação. “Uma Krenak poder falar na escola de engenharia, onde há o curso de Engenharia de Minas, é fundamental para os futuros engenheiros conhecerem estes povos e qual é a visão de mundo deles, para que as grandes empresas mineradoras respeitem as visões de mundo destes povos quando forem fazer seus empreendimentos, principalmente, respeitando os limites e as regiões de terras indígenas.”
Os Krenak são os últimos Botocudos do Leste. Com uma trajetória marcada por massacres, perseguições e expulsões, mantêm viva uma cultura rica, expressa em sua língua (Borun), espiritualidade e conexão com a natureza. Atualmente, seguem lutando pela preservação de seu território às margens do rio Doce e pela valorização de sua identidade.
Por meio de suas ações de ensino, pesquisa e extensão, a UEMG reafirma seu compromisso com o respeito à diversidade e à valorização dos saberes indígenas. Que o Dia dos Povos Indígenas seja um convite à escuta ativa, ao reconhecimento das lutas e ao fortalecimento dos vínculos entre universidade e povos originários.