Os 80 anos da Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) estão sendo celebrados com a exposição "A paixão segundo Guignard", aberta na noite dessa quinta-feira (29/2), na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes. Sob a curadoria de Paulo Schmidt e curadoria adjunta de Cláudia Renault, a mostra segue até o dia 12 de maio, tem classificação livre e é gratuita.
Cerca de 200 obras de Alberto da Veiga Guignard e de contemporâneos do artista plástico integram a exposição. A mostra aborda o pioneirismo do artista e o modo como seu trabalho reverberou, sobretudo, na primeira geração de artistas que conviveram com ele em Belo Horizonte, cidade para aonde veio em 1944, a convite do então prefeito, Juscelino Kubitschek.
"Nós nos munimos de amor e coragem, elementos que mantiveram Guignard, o seu encantamento por Minas e a sua coragem destemida em levar adiante uma escola que, por vezes, não tinha parede, não tinha teto, mas tinha a alma de um visionário que ensinava o despertar do olhar por meio da observação", disse a professora Lorena D'Arc, diretora da Escola Guignard, na solenidade de abertura da exposição.
A professora também afirmou que, além da consistência de sua produção artística de Guignard, a instituição herdou uma metodologia de ensino particular, baseada na liberdade e disciplina por meio da observação atenta. "Pode parecer pouco, pode parecer romântico, abstrato, mas Guignard, com o mínimo, extraía um universo particular embutido em cada um de seus alunos. Por meio da observação, o mundo se desdobra em suas facetas, as coisas se transformam em outras, no processo de ler o mundo de dentro para fora", disse.
A docente tambem agradeceu à comunidade acadêmica, à imprensa e aos patrocinadores e parceiros do evento, uma realização do Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais.
O estilo de Guignard, estampado em pinturas, desenhos, ilustrações e gravuras, causou grande agitação no cenário cultural mineiro, nos anos 1940. O artista veio a Belo Horizonte para dirigir a então Escola de Belas Artes, hoje Escola Guignard, e provocou reações diversas nos críticos e na sociedade, com seu traço criativo e insurreto.
O presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, a diretora da Escola Guignard, Lorena D'Arc, e a reitora da UEMG, Lavínia Rodrigues, durante a abertura da exposição "A paixão segundo Guignard" (foto: Antônio Araújo)
Segundo o jornalista Marcelo Bortoloti, autor do livro "Anjo mutilado", biografia do artista, lançada pela Companhia das Letras em 2021, Guignard teve papel proeminente "para o amadurecimento do ambiente artístico local, que podemos chamar de pré-moderno naquele momento. Os embates que tinham acontecido no Rio e em São Paulo começaram a ganhar forma em Belo Horizonte, e foi Guignard quem causou essa faísca".
Para a reitora da UEMG, professora Lavínia Rodrigues, o olhar crítico e criativo do artista plástico é trazido pela Escola Guignard à comunidade acadêmica, nos 35 anos em que é parte da universidade. "A Escola Guignard, que surgiu de um curso livre de artes, continua mantendo seus cursos livres de desenho, pintura, cerâmica, fotografia, dentre outros para a comunidade em geral. E continua a inspirar e formar novos talentos, transmitindo a paixão pela arte e a busca pela excelência", afirmou.
O presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, e o arquiteto Gustavo Penna, que projetou a atual sede da Escola Guignard e é responsável pelo selo "80 e sempre", também falaram na cerimônia de abertura.
A exposição "A paixão segundo Guignard" é uma das atividades que integram o calendário em celebração aos 80 anos da Escola Guignard. Outras ações, como mesas e oficinas, vão ocorrer ao longo do ano; na terça e quarta-feira desta semana (27 e 28/2), o Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, também no Palácio das Artes, recebeu o concerto "As minas de Guignard". Com lotação esgotada, o evento contou com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), sob regência de Ligia Amadio, ao lado de músicos como Toninho Horta e Marcus Viana, que executaram obras de compositores e arranjadores mineiros.
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Por Elias Fernandes